Sob um intermitente panelaço que explodiu por todo o Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, usou a rede nacional de rádio e TV para mostrar que retrocedeu – ou arrependeu-se – de tudo que disse e exibiu para se opor contra a uma ação séria e competente de combate ao Coronavirus. Jamais se viu um Bolsonaro tão consciente dos seus erros, depois de 500 mil mortos e milhões de internados, além dos que ainda circulam infectados por todo o Brasil.

Pelo menos ele não zombou dos que estão sofrendo tanta dor.

Bolsonaro brincou com coisa séria. Iniciou dizendo que se tratava de uma gripezinha, depois se tornou garoto propaganda de medicamentos sem nenhuma comprovação científica para cura da Covid. Promoveu dezenas de aglomerações, jamais usou máscara sanitária e sequer se vacinou. Aliás, foi quem mais impediu a chegada de vacinas ao Brasil e levou o País ao medo de jamais retornar à normalidade. E isso ainda acontece hoje, dia que ele fez pronunciamento, sem mostrar qualquer constrangimento à Nação por tudo que fez à sua gente.

Um absurdo que provocou ânsia de vômitos a quem teve coragem de ouvi-lo. Passou a sensação de cinismo ou recuo das suas convicções, em razão de tudo que vem sendo registrado na CPI da Pandemia no Senado, que sem dúvida vai chegar a ele. Pasmem, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a vacinação no país, mas manteve críticas às políticas de isolamento. Chegou ao máximo quando declarou: “neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados”.

O presidente aproveitou para exibir façanhas: destacou que o governo trabalha em privatizações e que a Bolsa bateu recordes por dias seguidos, além de mencionar os investimentos em infraestrutura, especialmente de internet em regiões de difícil acesso. Também mencionou os ressultados da Caixa Econômica Federal, afirmando que passou a dar lucro a partir da gestão executada em seu governo.

Entretanto, Bolsonaro chegou a admitir sua irresponsabilidade na TV, ao dizer que não tomou qualquer medida de contenção contra o avanço da Covid-19 e reafirmar a predileção pela economia em detrimento da vida e do país. Não se tem ideia de como o presidente vai se comportar a partir já de amanha, depois de um discurso em que faz a meã culpa e deixa o povo brasileiro atônito e incrédulo. A impressão é que ele acaba de entrar em campanha para a reeleição em 2022, mesmo com todas as mortes que provocou e agora tenta passar por cima delas.

Por Diogenes Brayner