O plano de retomada  das atividades econô micas em Sergipe, a ser adotado mesmo com os ainda crescentes casos de coronavírus em Sergipe, vai adotar o sistema de bandeiras, chamado de “Distanciamento Controlado”, que divide o estado por territórios e setores econômicos que ficarão autorizados mediante a alguns pré-requisitos. Foi o mesmo sistema adotado pelo Rio Grande do Sul, mas com algumas adaptações sugeridas por técnicos de saúde e representantes de empresários e trabalhadores, em reunião do governador Belivaldo Chagas com os membros do Comitê Gestor de Retomada Econômica (Cogere). O anúncio oficial do plano deve acontecer nesta segunda-feira.
O início desse processo foi pré-agendado para o próximo dia 15 de junho, mas a data pode ser confirmada ou retardada, a depender do comportamento dos casos de coronavírus e da lotação dos hospitais. No entanto, uma prévia do plano já começou a circular nas redes sociais. O formato vai seguir cinco critérios básicos: os cenários de disseminação e evolução da epidemia; a capacidade de leitos, insumos e recursos disponíveis no sistema de saúde; os protocolos de saúde e higiene no trabalho; o engajamento da população às restrições de isolamento e distanciamento social; e a abordagem regional das medidas nos oito territórios de Sergipe (Grande Aracaju, Centro-Sul,Sul Sergipano,Leste Sergipano,Baixo São Francisco, Agreste Central, Alto Sertão e Médio Sertão).
A partir destes critérios, foram definidas quatro etapas de classificação de riscos e avaliação para a retomada das atividades. A primeira é a divisão das atividades econômicas em 24 setores. A segunda é a pontuação destes setores de acordo com o risco sanitário dividido nos critérios de aglomeração de pessoas e características de contágio. A terceira é a pontuação dos setores de acordo com o impacto sócio econômico dividido nos critérios de empregabilidade e circulação econômica. E a última é o agrupamento dos setores econômicos em três fases de abertura gradual, simbolizadas pelas bandeiras Laranja, Amarela e Verde.
Conforme o governador anunciou no começo da última semana, o principal critério a ser levado em conta pelas autoridades é a taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Atualmente, ela está em 68,8% nos hospitais da rede pública e 85% nos da rede privada, mas quatro hospitais da capital (Hospital de Urgência, Universitário, São Lucas e Renascença) estão com 100% de ocupação em suas vagas reservadas a pacientes com coronavírus. Sergipe conta hoje com 126 leitos exclusivos de UTI para o SUS, mas tem a perspectiva de criar mais 64, sobretudo no HU de Lagarto e nos hospitais regionais de Estância e Nossa Senhora da Glória. Os hospitais particulares não informaram quantas vagas pretendem abrir.

Bandeiras – Desta forma, se a taxa de ocupação das UTIs for menor ou igual a 70%, a região entra na bandeira Laranja, com autorização de funcionamento para imobiliárias, concessionárias de veículos, escritórios em geral (incluindo os de arquitetura, publicidade, engenharia e agências de viagens), serviços de saúde não-eletivos (psicologia, fisioterapia,odontologia, terapia ocupacional e etc) e comércios de produtos como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, comunicação, informática, cosméticos, perfumaria e higiene, móveis e colchoaria. É a bandeira na qual se enquadram atualmente as regiões do Alto Sertão (Nossa Senhora da Glória), Agreste Central (Itabaiana), Leste (Carmópolis) e Sul (Estância).
Se a ocupação de UTIs for menor ou igual a 60%, a região vai para a bandeira Amarela, com liberação para autoescolas, lojas do comércio que não estavam autorizadas a funcionar, 50% da administração pública não-essencial, 50% dos shoppings, galerias e centros comerciais, 30% dos templos e atividades religiosas, atividades de treinamento de desporto profissional, restaurantes, bares e salões de beleza e higiene pessoal. Esta é a situação das regiões Centro-Sul (Lagarto), Médio Sertão (Nossa Senhora das Dores) e Baixo São Francisco (Propriá).
E se a ocupação de UTIs for igual ou menor que 50%, será ativada a bandeira Verde, com autorização para call-centers, academias de ginásticas e similares, clubes sociais e esportivos, praias, orlas, parques e praças públicas, além de 100% da capacidade da administração pública não essencial, dos templos e atividades  religiosas, e dos shoppings, galerias e centros comerciais. Nenhuma região está neste nível atualmente. Por outro lado, a Grande Aracaju (incluindo a capital, Itaporanga e algumas cidades do Vale do Cotinguiba) está na bandeira Vermelha, ou seja, apenas com a liberação para as atividades previstas no atual decreto de emergência.
As atividades especiais, como escolas, universidades, teatros, cinemas, casas noturnas e eventos sociais ou esportivos serão avaliadas caso a caso, conforme a conveniência sanitária e tendo em vista a característica de aglomeração intrínseca. A liberação destes setores está condicionada ao uso de protocolos sanitários de especial rigor.
Para as outras atividades, será obrigatória a adoção de uma outra série de recomendações gerais de higiene, distanciamento e segurança sanitária, como isolamento social seletivo para pessoas em grupo de risco ou com sinais de gripe, lotação máxima de 1 pessoa a cada 10m² do estabelecimento, uso obrigatório de máscara de proteção facial, regimes de escala ou revezamento de funcionários (com prioridade para o teletrabalho e a realização de reuniões por meio de videoconferências), higienização frequente dos ambientes e cumprimento dos protocolos específicos para cada atividade econômica, os quais serão divulgados através de portarias da Secretaria de Estado da Saúde (SES).