Disputa presidencial será decisiva na eleição estadual

O resultado da pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta-feira (26) não deixa dúvidas: a campanha para governador de Sergipe será federalizada, queiram ou não os bolsonaristas. Se a eleição fosse hoje, Lula (PT) teria 48% contra 27% de Bolsonaro (PL), 7% de Ciro Gomes (PDT) e 2% de Simone Tebet (MDB). Lula ganharia no primeiro turno com 54% contra 30% de Bolsonaro, sendo que no Nordeste teria 62% contra 17% do atual presidente.
Em Sergipe, dois bolsonaristas que pretendem disputar cargos majoritários defendem que a campanha trate apenas dos interesses de Sergipe, como se o êxito de uma administração de um estado pobre e que vem sendo muito mal administrado nos últimos anos como Sergipe não estivesse vinculado à presidência da República.
O ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, pré-candidato do PL a governador, e o deputado federal Laércio Oliveira (PP), pré-candidato a senador, não querem discutir temas nacionais. Na semana passada, enquanto Laércio posava ao lado do presidente, Valmir não foi ao ato de Propriá, mesmo sendo do partido do presidente.

Valmir não deixa de ter razão ao evitar Bolsonaro. Antes de formalizar a sua pré-candidatura, foi três vezes à Brasília tentar tirar uma foto ao lado do presidente, mas não conseguiu ser recebido. Na campanha, no entanto, caso consiga superar a inelegibilidade imposta em 2019 pelo TRE-SE, terá que fazer a campanha ao seu lado, a prioridade do PL.
O deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que esta semana lançou festivamente a sua campanha a governador, deverá ter em sua coligação partidos vinculados diretamente ao presidente, como o PP de Laércio, e o Republicanos do deputado Gustinho Ribeiro e do ex-pastor Heleno Silva, mas não vai permitir que se fale em Bolsonaro na sua campanha. Declarou voto em Lula, mesmo o PT tendo candidato a governador de Sergipe.
Mesmo assim Mitidieri poderá ter a sua candidatura vinculada a Bolsonaro, caso o candidato a senador que venha a ser escolhido pelo bloco governista venha a ser Laércio, que quer uma campanha discutindo os problemas de Sergipe, mas vive com o pé no Palácio do Planalto.

O senador Rogério Carvalho, pré-candidato do PT a governador, é o mais favorecido com a polarização da campanha eleitoral. Se a nível nacional Lula está disparado, em Sergipe e nos demais estados do Nordeste é imbatível. A campanha de Rogério não dará palanque e nem aceitará coligação com qualquer partido vinculado ao governo Bolsonaro.
Na campanha eleitoral de 2018, candidatos ao senado contra os favoritos André Moura, hoje no UB, Jackson Barreto (MDB), e Antonio Carlos Valadares (PSB), Rogério e Alessandro Vieira, agora no PSDB, acabaram sendo os eleitos em função da vinculação direta de suas candidaturas com os então presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro, na época PSL.
Na segunda-feira (23), em Aracaju, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse que não descartava a possibilidade do apoio do PT à candidatura do deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), em função da parceria histórica dos dois partidos em Sergipe desde a época do governo Marcelo Déda, e do interesse nacional do PT. Ontem, analisando a pesquisa Datafolha, o mesmo Kassab descartou uma aliança nacional para apoiar Lula e garantiu que a tendência do PSD é liberar que cada estado defina em quem vota para presidente.

Em Sergipe como nem mesmo o pré-candidato do PL quer vinculação com Bolsonaro – apenas o nanico João Fontes (PTB) reivindica essa posição -, a campanha de Lula ficará ainda mais forte.
Em 2018, com Lula preso, Fernando Haddad – um nome desconhecido da maioria do eleitorado – ganhou em todos os municípios sergipanos. No primeiro turno obteve 50,09% (571.234 votos) contra 27,21% (310.310 votos) de Jair Bolsonaro. No segundo turno a votação de Haddad pulou para 67,54% (759.061 votos) contra 32,46% (364.860) de Bolsonaro.
A campanha presidencial terá reflexos diretos na disputa pelo governo de Sergipe e da única vaga de senador. São cargos majoritários, bem diferente das disputas para deputado federal ou deputado estadual, que dependem de apoios nos municípios.

por Jornal do Dia Se