Tudo que é importado do Sul do País ou do exterior vira “modinha” em Sergipe! Em meio à pandemia contra o novo coronavírus (COVID-19), quando o governador Belivaldo Chagas (PSD) e muitos prefeitos municipais estão emitindo decretos orientando a população a ficar em casa, aderindo ao “isolamento social”, eis que alguns setores, órgãos e até parte da imprensa “vende” a necessidade de um “Lockdown” em todo o Estado, pelo prazo mínimo de oito dias, podendo ser estendido. Em alguns países do mundo essa “interrupção total” durou semanas…

Tem muita gente indo às redes sociais defender o tal “Lockdown” sem nem saber do que se trata de fato, mas repete como “papagaio” como se fosse uma espécie de “salvação” antes o coronavírus. Na Alemanha, por exemplo, com um sistema de Saúde eficiente e já instalado há vários anos, seus hospitais chegaram a receber pacientes de outros países vizinhos, além de contar com um forte sistema de testagem. Uma realidade completamente diferente da que encontramos no Brasil, em vários aspectos, inclusive quanto à qualidade de vida.

Como fazer um “Lockdown” no Brasil já com cerca de 13 milhões de desempregados até março passado? Como vão sobreviver os milhões de trabalhadores informais que precisam “vender o almoço para comprar a janta?”. E como defender essa “interrupção de emergência” em Sergipe, num Estado onde os servidores públicos estão há sete anos sem reajuste, com o 13º parcelado, com os aposentados e pensionistas agora tendo que contribuir com 14% para a Previdência Social, com o governo devendo a fornecedores e sem recursos próprios para contrapartidas?

Como defender um “Lockdown” em um Estado que hoje é extremamente refém da ajuda do governo federal e que, desde o início do isolamento social, tem visto suas arrecadações com impostos praticamente sucumbirem? Não fosse a ajuda federal que já passa da ordem de R$ 400 milhões, o governo de Sergipe possivelmente já estaria muito próximo de decretar “falência” de suas receitas! De março para abril, o percentual de trabalhadores que deram entrada no seguro-desemprego ultrapassou a marca de 40%, ou seja, é ou não é um cenário de “demissões em massa”?

Defender o “Lockdown” em Sergipe, a depender do período, vai terminar de “esfacelar” parte da cadeia produtiva do Estado! E isso não é “terrorismo”! É a constatação de quem está acompanhando, mesmo de fora, as finanças do governo. O setor privado, que já não se sustenta, tende a entrar em colapso! Mas essa “interrupção” que vem sendo defendida por alguns setores também vai atingir em cheio quem atua no serviço público. Já tem prefeito do interior sergipano ou atrasando ou decretando a suspensão do pagamento dos salários dos trabalhadores que estão em casa até 45 dias!

A conta é fácil: se com boa parte do comércio fechado, a arrecadação do Estado desabou, com o “Lockdown” vai faltar dinheiro, por exemplo, para pagar os salários do funcionalismo público, seja ele efetivo ou comissionado, do Executivo, mas também do Judiciário, do Legislativo e dos órgãos fiscalizadores, como o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública, por exemplo! No mínimo haverá um bom atraso nos repasses dos duodécimos para os outros poderes. Em síntese, estaremos afundados em uma crise sem precedentes. Esta é a verdade…